Interagir: tocar, ouvir, criar
Totens interativos, jogos e realidade aumentada vão dar o tom da exposição “Interagir: tocar, ouvir, criar”, que traçam no CCBB BH um panorama de cinco séculos de práticas musicais brasileiras de todos os tempos e gêneros. A mostra reunirá instrumentos indígenas, europeus e africanos, vídeos e instalações digitais. Com curadoria da cravista e doutora em Informática Rosana Lanzelotte, o projeto se apoia nos conteúdos reunidos ao longo de sete anos para o portal Musica Brasilis, que realiza um relevante trabalho de resgate e difusão de música brasileira.
“Quis fazer uma exposição que contasse, de maneira divertida, todas as facetas da música brasileira. É na música que a gente mais percebe a mistura, a miscigenação das culturas. Na mostra o visitante poderá percorrer uma linha do tempo interativa, entender como funciona a notação musical, através de partituras animadas, e brincar de compor a sua própria música, colocando peças em uma mesa. Estarão expostos diversos instrumentos, inclusive um piano-forte, construído inicialmente como cravo, em 1765. A exposição é a materialização dos conteúdos do portal Musica Brasilis, assim como o portal é, de certa forma, o catálogo da exposição. O foco no programa educativo é muito importante: serão realizados encontros com professores e visitas guiadas para estudantes. Os conteúdos da exposição e do portal poderão ser utilizados como material de apoio para o ensino obrigatório de música”, afirma Rosana, curadora e criadora do Musica Brasilis.
Contemplada no edital de cessão de espaço do CCBB, a mostra integra o VII Circuito BNDES Musica Brasilis, que esse ano realiza 14 espetáculos multimídia nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Aracaju, Paraty, Campinas e Belém. A abertura,dia 22/06, contará com a apresentação “De modinhas e Marílias”, dedicado às modinhas, que tiveram seu momento áureo no Brasil no final do século XVIII, início do século XIX. No programa, obras do violinista, cantor, poeta e compositor Cândido Inácio da Silva, o maior modinheiro dessa geração; do padreJosé Maurício Nunes Garcia, que orientou trajetória artística de Cândido; Tomás Antonio Gonzaga, participante da Inconfidência Mineira e autor da obra poética Marília de Dirceu, personagem mítica de Minas Gerais;Joaquim Manoel da Câmara, violinista e cavaquinista que se destacou nos anos 1800 e impressionou até mesmo Neukomm, que harmonizou 20 de suas modinhas;Neukomm e Carlos Gomes.
Com entrada gratuita, a mostra exibe o vídeo Imagens da Música, que mostra desde a reconstituição dos cantos tupinambás, anotados por Jean de Léry em 1557, passando pelos carros alegóricos que desfilaram no Carnaval de 1786, gravuras de Debret e Rugendas retratando escravos e suas práticas musicais, até grafites do século XXI.